Este livro segundo Pilar Delvaulx (1990) foi um dos que mais contribuiu para a “promoção de uma Escola e de um Estado libertos da tutela da Igreja”.
A educação de Emílio tem como finalidade a formação de um homem livre, que implica necessariamente o respeito pela liberdade da criança.
Segundo Rousseau, a criança deve na sua infância dispor de total liberdade física e durante o seu crescimento deverá descobrir e conquistar a liberdade interior. Para auxiliar a criança nesse processo, o educador deverá mantê-la afastada dos perigos da sociedade e conservá-la na sua bondade original. “Assim, Emílio só terá por companheiro de infância um preceptor que nada lhe ensina e o faz encontrar tudo, descobrir, inventar”. Contudo, a criança não deverá ser tratada como um adulto, por isso, deve-se permitir que esta sinta, pense e aja como uma criança. Este é o princípio da sua teoria da educação progressiva, que auxilia o desenvolvimento das novas aptidões que surgem com o crescimento.
Esta seria a teoria adoptar para formar verdadeiramente a criança, pois segundo Rousseau, todas as demais “procuram sempre o homem, na criança, sem pensarem no que ela é, antes de se tornar homem”.
Até aos 12 anos, a educação sentimental deverá preceder a educação de carácter intelectual, pois segundo Rousseau, “é mais importante a prática de bons actos do que a aquisição de grandes conhecimentos, seja através de livros, seja através de lições”.
Além disso, Rousseau considera que para a “educação do espírito é mais importante uma inteligência esclarecida que uma grande acumulação de saber”.
No método proposto por Rousseau, estão presentes alguns princípios fundamentais da educação moderna: o ensino prático, a descoberta de conhecimentos através do contacto directo com a vida.
Curiosamente, o único livro que “se permite a Émile na sua educação é o Robison Crusoe de Daniel Defoe, o qual nele mesmo demonstra o caminho no qual o carácter amadurece em harmonia com a natureza se a engenhosidade natural é permitida trabalhar desimpedida da corrupção da sociedade”.
Em suma, o “Emílio não passa de um tratado sobre a bondade original do homem e destina-se a demonstrar como o vício e o erro – estranhos à sua constituição – se introduzem nele, vindos do exterior, e o alteram insensivelmente”(Rousseau). O objectivo de Emílio é “formar um homem livre; e o verdadeiro amor pelas crianças…”.
Na minha opinião, este livro não é apenas uma referência obrigatória para todos os educadores (pais, professores, etc), é acima de tudo uma lição de vida.
Bibliografia:
ROUSSEAU, Jean-Jacques (1990). Emílio. Mem Martins: Publicações Europa-América. ISBN: 972-1-02937-8. Número de páginas: 229
Nem me fales do Emílio….ainda o tenho entalado na garganta como uma espinha! :-@
a obra de emilio é muito importante para vida de todas as pessoas, não somente para educadores, é uma lição de vida